domingo, 24 de julho de 2011

Uma Viagem no Passado.

Ah, aquela sensação de sonho realizado. Sim, foi a primeira vez no maior templo sagrado já construído antes, o Cícero Pompeu de Toledo, vulgo Morumbi. Saí de casa frio, como se tudo o que eu estivesse pra fazer fosse comum, fosse parte da rotina. Pegar a estrada, ir pra São Paulo, procurar o melhor caminho pra chegar no Morumbi, ainda frio. Na Avenida Giovanni Gronchi, comecei a perceber que eu estava a uns 1.2 km de realizar o maior sonho da minha vida: Ver o São Paulo Futebol Clube jogar. Trânsito parado. Só BMWs na minha frente (Morumbi né, outra realidade. Só mansões), e motos com o pessoal da Independente. Mais pra frente, já se percebe a movimentação. É apenas uma faixa da pista, e só. A outra é tomada por pessoas, seja querendo jogar você dentro da garagem de sua casa como estacionamento, seja vendendo bandeirões, seja simplesmente tomando o seu caminho para a rotatória, e atravessando a rua, para o maior templo sagrado de todos. Enfim, achamos um estacionamento bem em frente ao Morumbi [Filha da puta, 40 reais], atravessamos a rua (por pouco não fui atropelado, haha. Pista de mão dupla filha da puta!), e chegamos a bilheteria. “Arquibancada pai?” “Cadeira. As cadeiras do meio são de qual cor?” “Azul”. Pegamos então, Setor Premium do Morumbi, vista do meio do campo. Demos a volta no quarteirão, entramos pelo portão 4, subimos uma rampa e enfim achamos nosso setor. Pegamos um lugar na segunda fileira (na primeira não dava, tava garoando), e esperamos ansiosamente por 50 minutos, até dar 18:30. Uma hora não aguentei e fui pra muretinha, e fiquei olhando o campo de perto. A Independente já cantava baixinho suas musicas, quando um som muito mais interessante passou a tocar. “Say your prayers, little one, don’t forget my son to include everyone ♪”. Sim, no melhor estádio do mundo, estava tocando a melhor banda do mundo, Metallica. Sentei no meu lugar feliz, cantando a Enter Sandman. Fui, dei uma volta por onde eu tinha acesso, conhecer o estádio em que eu pisava pela primeira vez. É uma coisa de louco. Já tinha ido em estádio antes, Martins Pereira, mas é óbvio que não se compara ao Morumbi, é de uma diferença tremenda.
Enfim, o time entrou. Eu já sabia todo o ritual que acontecia lá, era gritado o nome de todos os jogadores. Começava pelo Rogério. “PUTA QUE PARIU, É O MELHOR, GOLEIRO DO BRASIL, ROGÉRIO!”, e assim ia indo, até chegar no Ricardo Oliveira “RI-CAR-DO, ÔÔÔ, ÔÔÔ, RI-CAR-DO!”. Comecei a me dar conta da onde eu estava. Estava em pé, contemplando o meu time do coração, em fila, olhando para a bandeira, gritando o nome de cada um deles, e os vendo acenar para a torcida. Começou o jogo. Time apático, treinador com uma certa deficiência. A torcida no meu setor, unânime. Todos sabiam o que fazer, a opinião era a mesma em cada cabeça pensante. Menos na do Baresi. Tomamos o primeiro aos 23, os 12 torcedores do Goiás ali presente fizeram a festa, mas quem gritava mesmo era o setor de arquibancadas laranja. Tudo bem, 1x0, começo de partida, ainda dá pra virar. Torcedor apreensivo, todos lá olhando fixamente, xingando, apoiando. Tomamos o segundo. EU VI, pela primeira vez na vida, a irritação nos jogadores que realmente jogam pelo clube, coisa que não é mostrada na TV. Vi o Rogério esbravejar. O Alex Silva xingar meio mundo. E enquanto a zaga tocava a bola de lado no nosso campo, e o Alex Silva livre, ninguém tocando, o vi ficar puto. Chutou o chão, abriu os braços. Gritou. Mas de nada ia adiantar, mal sabia ele. Aos 46, gol de Rafael Moura. Termina o primeiro tempo, jogadores saem ao som de vaias e ‘BARESI VAI TOMAR NO CU’. No intervalo, eu, meu pai e um outro torcedor (que havia ido até no Beira-Rio no jogo da Libertadores), ficamos conversando, e chegamos a uma conclusão: A gente jogando nos fins de semana em societys, nos doamos muito mais pros nossos times do que os profissionais se doam em campo para o Soberano São Paulo Futebol Clube. Voltou, alteração feita, sai Jorge Wagner, entra Dagoberto. Dagoberto, apesar dos pesares, recebe um apoio muito grande da torcida. Fez o possível, em 5 minutos ele fez mais do que todos os outros jogadores fizeram em 45. Triste. Meu primeiro jogo no Morumbi, e eu olhava pro placar eletrônico que brilhava bem na minha direção: SPO 0 x 3 GOI. Doia na alma, doía no coração. Time apático, time ridiculo, os que corriam, os que jogavam, faziam o possível. Três escanteios seguidos, três gols salvos brilhantemente pelo Harlei. Não dava mais, não conseguia olhar para aquilo. Faltando uns 10, 15 minutos, saí do estádio. Cabeça baixa, triste por ter sido o meu primeiro jogo e ter visto um nabo bem grande ser metido no time apático do São Paulo Futebol Clube.
Mas tudo bem, torcedor perdoa o time, sempre. E de lembrança, tenho na minha memória todos os lances. Todos os jogadores que eu vi, não tão perto, mas mais perto do que havia visto antes. Dagoberto, Alex Silva, Marlos, Rogério. Na minha mente, guardarei esse dia pra sempre. Não importa tanto o resultado, mas sim a emoção. E esses dois ingressos, representam muito mais do que dois pedaços de papel. Representam o dia de maior emoção da minha vida, que dividi com o meu pai. Representam um sonho sendo realizado. Representam a minha ida ao Morumbi. E não importa em qual colocação o meu São Paulo se encontra, eu sempre torcerei.

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